quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

POR QUÊ BAETA?

Minha filha Indiara, navegando na internet descobriu esta crônica sobre o Paulinho Baeta. Vasculhando, percebi que foi escrita pelo lagunense Aroldo Arão de Medeiros, funcionário da Celesc e já há muitos anos morando na “ilha-capital”, em 2006 para o site USINA DE LETRAS. Desculpa Aroldo, mas sou obrigado a postá-la:

'Baeta

Meu pai falava no Baeta com um ar de admiração. Aos poucos fui identificando a pessoa e o motivo porque meu pai seguia seus passos. Como uma das pessoas de quem estou falando é o meu pai, eu o achava o melhor pistonista da cidade. Já meu pai, mais comedido, rasgava elogios ao músico da banda rival.
Baeta era um senhor da raça negra, simples, simpático e não era fanfarrão como os seus colegas de banda.
Eu pensava que a palavra baeta fosse um apelido que se dava aos descendentes dos africanos. Só com o tempo é que percebi que era o seu sobrenome, o qual todos os filhos carregavam com orgulho. Paulinho Baeta, assim como meu pai trabalhou no Porto. Foi um dos fundadores da Escola de Samba Brinca Quem Pode e meu pai ajudou a fundar a saudosa Mangueira. Como eu disse anteriormente, eles tocavam em bandas diferentes, o Paulinho na União dos Artistas e meu pai na Carlos Gomes. Meu pai no carnaval de salão tocava no Conjunto da Carlos Gomes, e o Paulinho Baeta fez parte do Jazz Catarinense e do Conjunto Kasbah.
Hoje fui procurar no Aurelionário, dicionário do Aurélio Buarque de Holanda Ferreira o significado da palavra baeta. Para meu espanto existem vários significados para esta palavra oriunda da França. Citarei somente o que mais se encaixa num dos personagens. É o nome dado ao adepto ou admirador da Sociedade Carnavalesca Tenentes do Diabo. Sugiro então que todos os torcedores do Brinca Quem Pode, de Laguna, sejam chamados de Baeta.
Continuando a ordem cronológica da vida, meu filho aprendeu muito a ciência da qualidade com um homônimo do simpático e saudoso Paulinho.
Este é uma pessoa de tez clara, que segundo informações do meu primogênito, Antônio Baeta é super competente e muito simpático. Passou-lhe seus conhecimentos e um ficou fã do outro. Em qualquer situação um dá a mão ao outro, não deixando nunca em apuros.
Para meu pai serve a frase: Bem Aventurado Este Trompetista Anônimo.
Para meu filho tudo se resume em: Boa Aproximação Edifica Toda Amizade.
Só sei dizer uma coisa: todos os Baetas são fortalezas vivas que devem ser imitados por todos que admiram a arte e o trabalho."

Eis minha resposta, constatação, esclarecimento e agradecimento:

Aroldo, talvez vc ñ lembre, afinal já la se vão mais de 50 anos, mas fui seu colega de primário no Jerônimo Coelho. Fiquei agradecido e muito emocionado com suas palavras elogiosas ao meu pai Paulinho Baeta. Mas na pia batismal recebeu o nome Paulo Tibúrcio dos Reis. Ficou conhecido e praticamente rebatizado de Paulinho Baeta, nome do qual nos orgulhamos e gostamos de ser chamados. Contava meu pai, que sua mãe, a avó Emília, costumava fazer para os filhos, roupas de um tecido muito resistente e o único existente à época capaz de suportar as peraltices diárias dos três moleques, Manoel, Antonio(Cacique) e Paulo. Como esse tecido era conhecido como “Baeta”, e os “moleques” do Morro do Rosário (onde o pai nasceu), usassem quase que exclusivamente, baeta, por ser barato e o único à época capaz de “agüentar o tranco”, o pai e os irmãos acabaram ficando conhecidos como os “Baetas”.
Grande abraço Aroldo e obrigado.
André Reis, filho de Paulinho Baeta

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