terça-feira, 24 de dezembro de 2013

CRICIúMA-CUIABÁ, DE MOTO...

Vi essa semana na TV aberta, programa em que as pessoas eram perguntadas sobre se já haviam feito alguma loucura “por amor”. Aí me lembrei da impressionante saga que me foi contada por um, á época, Comissário de Polícia, recém chegado em Lages, e eu, também por ser do sul, me identifiquei. Já há vários anos em Lages e conhecia todas as quebradas. Me contou o”tira” que antes de entrar pra Polícia, trabalhara na Cecrisa, era noivo e gostava tanto dela, que seria capaz de comer um caminhão de m......., dizia ele, para demonstrar o quanto gostava da noiva. Mas sentiu a terra se abrir embaixo dos seus pés quando ela lhe contou que seu pai conseguira um emprego numa fazenda agropecuária e estava se mudando, com toda a família, para Cuiabá, capital do distante Mato Grosso. A notícia ecoou como uma bomba-atômica. Hiroshima e Nagasaki foram “fichinha” perto da destruição que a funesta notícia provocou no meu amigo. Mas quis o destino que cada um seguisse seu caminho. Mas um amor daquele tamanho não se acaba assim. Depois de uns dois anos, sem vê-la, já não aguentava mais. Fez umas economia “de guerra” comprou uma moto zerada, pegou 13°, férias, um mês inteirinho de salário e se jogou prá Cuiabá, de moto (as dores que sentiu por todo o corpo, afinal Criciúma-Cuiabá, de moto, era uma viagem desumana, mas tudo era minimizado pelo imenso amor que ainda sentia pela “noiva”) e queria fazer surpresa. Depois de 2.172 quilômetros montado numa 125 (foi o que seu dinheiro conseguiu comprar), chegou a Cuiabá. Procurou um “orelhão” mas eram pouquíssimos na época, agravado pelo fato da cidade ser completamente desconhecida (celular, naqueles tempos....nem pensar). Alô....é a “fulana? É sim....e aí? Quem é? É o fulano....seu noivo. Oiiiiiiii....e aí? Como vai Criciúma? Criciúma????? Mas eu to aqui......em Cuiabá.... Cuiabá????....mas devia ter avisado que virias prá cá.....sabe fulano....eu to CASADA.... Pronto! Acabou o mundo pra ele. Jogou-se numa cachaçada dos diabos....bebeu todinho o 13°, um mês de salário e só pensou em voltar quando a grana estava acabando. Conseguiu uma carona num caminhão de um velho conhecido que transportava azulejos para a Cecrisa e se não conseguisse carga em São Paulo viria para Criciúma “de leve”. Quase sem dinheiro, e completamente desmilinguido pelo quase um mês de intensa cachaçada em Cuiabá, jogou a moto na carroceria do caminhão e poderia dizer que aquele caminhoneiro caíu do céu.....

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