A CONSCIÊNCIA NEGRA

Dona Odócia aos 109 anos recebe prêmio, que lhe foi entregue por Maria de Lourdes Correia, do Movimento Negro de Laguna(foto).

A história de vida das vinte personalidades negras homenageadas na Semana da Consciência Negra se mistura com o enredo das escolas de samba de Laguna, o som das tradicionais bandas, cheiro da pipoca, beleza da mulher, garra das agricultoras e a luta pela igualdade racial.

O Movimento Negro de Laguna na noite de sexta-feira entregou prêmios para valorizar o trabalho de homens e mulheres que contribuíram para o crescimento do município e da comunidade negra. O evento aconteceu no Clube União Operária, símbolo da luta por igualdade em Laguna, construído por negros, impedidos de freqüentar os clubes no município.

O Dia Nacional da Consciência Negra foi festejado neste sábado, 20 de novembro, também lembrar os 315 anos de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra.

Com trajes típicos, a psicóloga Maria Aparecida, do Movimento Negro, enfatizou a importância da discussão da igualdade racial.

Laguna assinou protocolo de intenções para discutir a realidade do negro no município. O prefeito Célio Antônio destacou o centro de referência da cultura negra, que terá sua sede na casa Pinto Ulysséa, atualmente em reforma. Segundo ele, uma comissão municipal para a igualdade racial deverá ser fundada no município.

Para encerrar, o grupo Boca da Noite apresentou uma palestra show contando e cantando a história do samba.

Pirão d água, café amargo e frutos do mar

Nada de complementos alimentares, plásticas, cremes, depressão, desânimo ou reclamações da vida. Dona Odócia Maria Justino, 109 anos, conta seu segredo de vitalidade para todos. “ Como pirão d água, café amargo e frutos do mar. Feijão só de dia. Tenho muitos amigos e sou cercada pela minha família”, conta ela sempre sorridente, descendentes de escravos.

Uma das homenageadas, dona Odócia tem boa memória, mora sozinha na localidade da Ponta das Laranjeiras, tendo os sobrinhos como vizinhos e ajudantes. Gosta de contar suas histórias, como agricultora, pescadora e babá.

Sua mãe morreu aos 115 anos e acredita que vai chegar também nesta idade.


Homenageados:

Helinho da Vila – intérprete e compositor de sambas enredos.

Artur Custódio Alves – 80 anos, agricultor, morador da localidade de Carreira do Siqueiro.

Maria Salete Clemêncio – uma das fundadoras da associação Agulhas de Ouro, onde mulheres costuram e dividem o lucro entre si. Moradora da localidade da Carreira do Siqueiro.

Antônio de Souza – popular Catarina, instrumentista da escola de samba Vila Isabel.

Luis Paulo dos Reis – popular Pombo, músico, mais antigo integrante da banda União dos Artistas.

Odócia Maria Justino – tem 109 anos, mora na localidade de Ponta das Laranjeiras. Trabalhou na roça, foi pescadora e também ajudou a cuidar de muitas crianças, como babá.
José da Silva, conhecido como Zé Pretinho, líder comunitário. Mora na Barranca do Siqueiro.

Antônio Alexandre da Máfia, conhecido como Bico. Empresário da pesca na localidade do Portinho.

Santolino Rufino, seu Santo da Pipoca, vende o quitute há 31 anos no centro da cidade.

Benedito Carlos Pereira, líder comunitário na localidade de Ribeirão Pequeno.

Ademir Roque, o mestre Filho, compositor de samba enredo da escola Brinca quem Pode e mestre de bateria.

Terezinha Maria Nascimento, professora aposentada, catequista e atuou na Pastoral da Criança.

Gercino Pacheco – conhecido como Tininho, proprietário de uma das mais antigas lavanderias do município.

Sônia dos Santos - atendente de enfermagem. Levou a beleza negra da mulher lagunense participando de vários concursos. Já ficou entre as cinco mulheres mais belas do estado.

João Rodriguês Júnior – artista que retrata o folclore e o cotidiano do povo de Santa Catarina. Músico, compositor,estilista e carnavalesco.

Padre Edemir João – primeiro padre negro do município. Foi fundador do movimento negro.

João Batista Cruz - comunicador, presidente do Clube União Operária.

Bento João Antônio – o Bentinho, integrante da banda União dos Artistas e Carlos Gomes.

João André Reis – Foi radialista, comentarista esportivo e carnavalesco. Presidente da escola de samba Brinca quem Pode.

João Candido - incentivador do Movimento Negro