sexta-feira, 13 de maio de 2011

O BOTO






A parceria entre pescadores e golfinhos no canal de Laguna, é tema do episódio de estréia da série Planeta Humano, no canal pago Discovery Channel, que terá mais sete capítulos gravados em outras partes do mundo.
Uma das atrações mais curiosas da cultura popular de Laguna, é o tema de hoje em um documentário que estréia no canal pago Discovery Channel, que será exibido as 22 horas no canal 51 da NET, 52 da SKY e canal 100 da EMBRATEL.

A pesca artesanal no canal dos molhes da barra, onde os golfinhos ajudam na captura das tainhas e demonstram que a relação entre homem e natureza, pelo menos nesse local, ainda guarda cumplicidade e harmonia, abre a série Planeta Humano.

Cada um dos oito episódios de uma hora apresenta as condições da vida humana em diferentes habitats ao redor do planeta. Na estréia, Vida na Água vai mostrar como funciona a pesca com o auxílio dos golfinhos em Laguna, única cidade brasileira a fazer parte desse roteiro inicial, que tem também cenas gravadas na Espanha, Indonésia, Malásia e Havaí.

A produção no Sul do Estado foi feita em maio de 2009, numa parceria entre a Discovery e a BBC de Londres. O cinegrafista Tom Huh Jones e a repórter Rachael Kirley, da emissora britânica, gravaram cenas de um evento que desperta a curiosidade de turistas o ano todo no canal que liga o mar à Lagoa Santo Antônio.

Para realizar a empreitada, produzir e concluir os oito episódios, a equipe levou quatro anos. Foram percorridas 80 locações e usados 125 mil quilos de equipamentos, tudo para dar acabamento de alta definição ao material.

Todos os programas têm narração do cantor Milton Nascimento, que começou a trabalhar aos 15 anos como locutor.

“Amigos são batizados”
Os botos de Laguna parecem todos iguais, mas não são. Os pescadores que trabalham todos os dias no canal dos molhes sabem o nome de cada um desses mamíferos.
Paulo Ademar dos Santos, antes de citar alguns nomes, faz questão de ressaltar a importância deles para a pesca artesanal.
“Quando não aparecem por aqui, quase ninguém vem pescar, é difícil pegar alguma coisa”, garante.

E a lista de nomes não é pequena. Como eles sabem quem é o Scooby, Caroba, Figueiredo, Princesa, Sizino, Jade, Porquinho, Jack, Borracha, Pombinha, Mandala e Mandalão, além de vários outros?
“Cada um deles tem uma característica, uma marca, aí nós sabemos o nome de cada um se é macho ou fêmea”, diz Luis Paulo da Silva.
Como a população de golfinhos (botos) sempre se renova, os pescadores sabem quais são os mais jovens e os mais velhos. Fandango, Chinelo, Judeu, Rampeiro, Alumínio, Cego, Boto Branco, Cisne Branco e Cisne Pequeno são alguns das “antigas gerações” que habitavam o canal no passado.
Quem olha se pergunta “como os golfinhos ajudam os pescadores e como os homens sabem o exato momento de jogar as tarrafas para pegar os peixes”?
Explicar motivos de como a natureza pode ajudar o homem nem sempre é algo simples e objetivo, mas a sabedoria popular dos pescadores ajuda a entender esse misterioso espetáculo.
Luís Paulo da Silva, 54 anos, pescador desde criança, explica o que aprendeu com os pais.
“Os golfinhos também precisam comer e é aí que eles nos ajudam. Eles sempre cercam o cardume em nossa direção e os peixes ficam todos em um só lugar perto da gente”, conta o pescador.

Mas, como saber onde e quando os peixes vão estar, já que tudo se passa debaixo dágua, onde os olhares não chegam e a experiência parece ser a única forma de orientação?
Exatamente onde nem sempre se sabe, pois a distância e profundidade dos cardumes e o local de posicionamento dos pescadores não são uma equação matemática em que o resultado aponte um local “X”, mas o momento de jogar a tarrafa na água, essa “dica” vem dos golfinhos.

O pescador Clodoaldo Silva da Souza , 50, afirma que a hora certa é quando o golfinho salta para a superfície. Mas não pode ser em qualquer aparição.
“Tem que jogar a tarrafa quando o bicho aparece quase inteiro e na corrida”, ensina.
Enfileirados e com água pela cintura, os pescadores aguardam ansiosos por esse momento. Mãos na tarrafa e olhos na lagoa, os homens atiram as redes no canal quando o golfinho surge na superfície, com as nadadeiras dorsal e peitoral bem à mostra.0
Pescador, além de paciente nesta hora, tem que ter bom humor e não deixa de brincar com os amigos quando algum deles joga a tarrafa na hora errada.
“Ô burro, jogaste antes seu apressado, não era hora ainda”, diz um gaiato, para gargalhada geral.

Fique ligado
Planeta Humano – Discovery Channel
Dia 12/ 05 – 22h ( Net – canal 51 / Sky – canal 52 / Embratel – canal 100)
Reprises:
Dia 13/05 – 01h/ 05h e 15 nos mesmos canais
Dia 15/05 – 10h
Dia 18/05 - 12h

Matéria da versão impressa do Diário Catarinense de 12/05/2011 no Caderno de Variedades
marcelo.becker@diario.com.br

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